terça-feira, 1 de novembro de 2011

Como fugir das Grandes Corporações (e por que isso não é anticapitalismo)

Não há como negar, as pessoas estão descontentes com as empresas que fornecem os ditos “serviços públicos” (esse nome mesmo um erro) e as grandes corporações em geral tais como Telecomunicações, Elétricas, Gás, Água, Bancos etc.. Já é comum nas redes sociais algum amigo seu postar sua indignação a respeito da qualidade, do preço ou da forma como foi tratado por tais companhias.

Elaborei, portanto algumas ideias e dicas sobre como escapar das garras dessas empresas mesmo elas prestando serviços que são importantíssimos para nosso dia a dia. Mas antes é preciso esclarecer por que as coisas estão da maneira que estão.

O economista Ludwig Von Mises nos ensinou que, no capitalismo livre, o tamanho das empresas é exatamente aquele que os consumidores desejarem. Se a empresa agradar os consumidores na combinação qualidade-preço ela irá prosperar, a partir do momento que a empresa deixa de atender satisfatoriamente seu cliente ele deixa de comprar seus serviços, deixando espaço para outros empreendedores satisfazerem a demanda desses clientes descontentes.
Mas, perguntaria o leitor, se é assim na teoria, por que isso não acontece na prática?
A resposta é simples, essas empresas não fazem parte do capitalismo livre e, com isso, quero dizer que elas não estão ao sabor do consumidor. Para elucidar isso vou contar a breve história dos ditos “serviços públicos”.
Eles nasceram privados, com investimento estrangeiro, como exemplos mais claros as ferrovias de capital inglês, a Light de capital canadense etc. Com a política inflacionária dos governos essas empresas se viam na obrigação de aumentar seus preços para remunerar o investimento e isso gerava insatisfação e era prato cheio para os políticos populistas que, com apelos xenofóbicos e nacionalistas, estatizaram todas elas ainda nos anos 1930/40.

O resultado nós sabemos, e as estatais foram completos fracassos, fazendo com que linhas telefônicas, por exemplo, fossem ativos caros e raros, com que energia elétrica se assemelhasse a um vagalume com constantes apagões e blackouts, não citarei aqui o transporte ferroviário, pois a nova geração nem deve saber o que é isso dado o desmantelamento estatal desse serviço.
Nos anos 1990 alguns se iludiram imaginando que a razão tinha chegado aos políticos e burocratas e esses tinham reconhecido o óbvio fracasso estatal e se rendido à eficiência do setor privado.  Sim, assim pareceu a tal “privatização”. Pela característica dessas empresas, que é prestar serviços de massa, elas sempre foram fonte arrecadadora de impostos, mas, como estatais, elas eram absurdamente ineficientes e o estado notou que sendo geridas por empresas privadas a arrecadação de impostos seria muito maior. Observe a sua conta de água, luz, telefone, gasolina e você verá uma cara tributária de 50% ou mais. É ai que o brasileiro paga muito imposto e não percebe, é ai que nossa infraestrutura é caríssima.
O estado então, sabendo disso, cedeu a exploração desses serviços via concessão (e não privatização) a investidores privados (muitos deles agentes do mercado financeiro com boas conexões políticas e fundos de pensão de funcionários públicos).

E o que isso tem a ver com o péssimo serviço? Tudo! A concessão significa que determinada empresa pode explorar, sem sofrer concorrência, tal serviço em determinada região. Isso é, caro cliente, que ou você usa meu serviço ou não usa de ninguém, pois todos estão proibidos de prover tal serviço na minha área de concessão. Isso é facilmente perceptível até no mau trato que atendentes dispensam aos clientes.
Podemos chamar isso de capitalismo de estado, capitalismo de compadres, fascismo, ou qualquer outro nome feio que isso merece, menos de capitalismo livre.

Porém a tecnologia misturada com indignação com essa situação leva nossa criatividade a alternativas que, se não permitem nos vermos livres dessas corporações apadrinhadas pelo estado, nos possibilitam tornar o fardo mais leve. O leitor, claro, não precisa se assustar com meu radicalismo em algumas medidas.

Telecomunicações
Quem não se comunica se trumbica, diz o bordão. E é assim mesmo, quem vive sem telefone, sem celular nos dia de hoje? Talvez seja a maior fonte de reclamações e para escapar disso só há uma alternativa: Internet.
É essa a palavra de ordem para quem quer driblar os tentáculos estatais travestidos de empresa privada, no que pese a banda larga ser fornecida, em sua maioria pelas mesmas empresas de telecomunicações (existe empresa de TV a cabo fornecendo conexão à rede também). Hoje o mercado provê uma série de alternativas que fazem com que você escape das tarifas telefônicas: Skype, Google Voice, MSN, Facebook, Whatsapp. Utilize todos os recursos que seu computador e smartphone podem oferecer. Essa é uma dica não somente para jovens universitários duros que querem economizar para comprar carvão para o churrasco.
Claro que não estou sugerindo que a equipe de vendas corte o uso de telefone mas as alternativas são muitas. Não precisam chegar ao extremo radical como eu que tenho uma conta de celular pré-paga e que pede a senha do wi-fi em todo estabelecimento que vou. Mas conheço grandes empresas que só fazem ligações via skype e que os celulares também só discam por skype e mensagens instantâneas como BBM. Os pequenos negócios também podem se beneficiar muito com tecnologias simples.
Se é o setor com maior número de reclamações também é o setor com maior número de alternativas de escape.

Elétricas & Gás
Se no item anterior havia variedade, no tocante a energia elétrica e fornecimento de gás as opções são bem menores. As alternativas “verdes” ainda são caras e nossas cidades e construções são de difícil adaptação. A energia solar que poderia gerar um grande abate na conta ainda é cara demais para os brasileiros, então, a palavra de ordem é Economia!
É aquele bordão que os mais antigos diziam quando alguém deixava a luz acesa: “Você é dono da Light?”. Por mais que você compre ações da empresa na bolsa, você é, no máximo, concessionário e não dono.
Tente se adaptar a um estilo de vida mais saudável, a natureza é pródiga em acender a luz de dia e apagar a noite, aproveite-se disso e durma cedo e acorde cedo. É uma questão de hábito, acumular roupa para usar a máquina, usar o timer para não dormir com a TV ligada, verificar “fugas de energia” como fios desencapados. Os aparelhos eletrônicos são grandes consumidores de energia, mantenha-os desligados e não em Stand-by e os configure para seu computador “dormir” quando estiver inativo; em sua empresa e verifique a hipótese de transferir o servidor para algum dreamhost.
Enquanto não tivermos um verdadeiro livre mercado de energia as empresas serão gigantes e não locais.

Gasolina
Caro leitor, nesse quesito eu radicalizei e comprei uma scooter e, num país com clima quente como o Brasil eu iria sugerir a todos que andassem de moto ou minimoto, porém, morando em grandes cidades o perigo é enorme e não estou sugerindo que minha (nem a sua) avó ou mãe andem de moto, essa dica serve mais para os homens.
Manter seu veiculo regulado e comprar opções econômicas que consomem menos combustível é uma opção mas ainda estaremos condenados a uma carga tributária de 52% no preço da gasolina ou do álcool. Conhecer bem o bairro que mora e o comércio local evitam grandes deslocamentos. Em cidades como São Paulo ou Rio de Janeiro pode se perder de 2 a 3 horas diárias no trânsito. Não é exagero avaliar propostas de emprego mais perto da sua casa mesmo se o salário for pouca coisa menor, o ganho em qualidade de vida pode superar muito certas vantagens financeiras aparentes.
Por mais que ela domine o mercado evite comprar em postos da Petrobras, prefira sempre a opção de uma empresa privada.

Bancos
Se os bancos não são exatamente concessões, no sentido que são as empresas anteriores, ainda assim é um setor cartelizado e anda de mãos dadas com o estado.
De imediato cancele qualquer vinculo que você e sua empresa tenham com bancos estatais como Banco do Brasil, Caixa Econômica ou alguns outros estaduais. Utilize os bancos privados, mas não se entusiasme.
Se você já é meu leitor a um tempo e está feliz com sua aplicação em ouro e nunca vai se alavancar em dividas, ignore os comentários a seguir, mas se ainda não é e não está convencido que ouro é a melhor aplicação leia atentamente.
A priori mantenha apenas sua conta corrente no banco. Se desejar investir em fundos, títulos públicos, ações utilize casas de investimento independentes. Abra sua conta em uma corretora de valores e invista você mesmo em títulos públicos via tesouro direto se assim desejar, compre fundos de ações independentes, não ligados aos grandes bancos. Não delegue suas economias a gerentes que mal sabem o que estão dizendo.
Alias não me lembro a ultima vez que pisei na agência que tenho conta e mal sei o nome da gerente. Hoje em dia tudo é feito pela internet. O banco do qual sou cliente ainda enviava, via correio, um extrato mensal para minha residência cobrando R$2,90/mês por isso. Cancelei e sugiro que você cancele todo tipo de serviço extra. Ainda mais esse tipo de informação que pode cair nas mãos de estranhos que ficariam sabendo sobre quanto você movimenta. Hoje todo extrato esta disponível a um click na forma e detalhamento que o cliente quiser.
No meu radicalismo, cortei o cartão de crédito, mantendo somente o cartão de débito, como em outros artigos já expliquei por que não devemos nos endividar, não serei repetitivo aqui, mas saiba que cartão de crédito incorre um custo altíssimo entre tarifas e taxas de juros.

Água
Deixei esse item por ultimo e não foi por acaso; se nas empresas de energia elétrica ou Telecom o estado concedeu a empresas privadas, no setor de saneamento e fornecimento de água o estado não abriu mão e não sem uma razão. É onde se comete um crime terrível contra a população.
Os americanos já tem um grande ativismo contra o flúor na água por conta de trabalhos como os de Murray Rothbard que alertaram sobre todos os perigos e todas as falcatruas que tornaram essa prática de fluoretar a água algo rotineiro; no Brasil a resistência é mais tímida mas foi uma grande surpresa encontrar sites bem ativistas contra isso por aqui.
Se água vem direto dos dutos estatais, como fugir disso? Fui despertado uma vez que cheguei de madrugada em casa e vi, num hotel, um caminhão pipa, esse fato se repetiu e notei que toda noite esse hotel se abastecia de água fornecida de uma forma alternativa à Cia estatal de saneamento. Ele fazia isso pelo custo e de quebra levava uma água de melhor qualidade. Atente que para fazer isso ele estava na informalidade uma vez que é proibido a qualquer um comprar água que não seja da Sabesp dado o monopólio por força de lei.
A primeira sugestão diante da péssima qualidade da água fornecida pelas estatais e da droga misturada na água (flúor) é colocar um filtro de osmose reversa, que apesar de tirar também os minerais bons da água (que podem ser consumidos por outras fontes alimentares), a deixa livre de cloro e flúor (e outras bactérias). O segundo passo seria adaptar sua casa ou prédio para receber água mineral de carros pipa sendo que a água de banho e torneiras de consumo utilizariam encanamentos diferentes da água estatal, que seria utilizada em descargas, quintais e lava roupas. Prepare-se para a desobediência civil, é isso ou ser dopado pelo estado.
Um depoimento pessoal é testemunha dessa brutal diferença. Tive uma casa de campo onde tínhamos mina própria de água mineral, portanto, sem flúor, tomávamos banho com água mineral, escovávamos dente, cozinhávamos e a diferença era brutal. Já no primeiro dia podíamos perceber a diferença na pele, cabelo e sabor dos alimentos.
É onde sugiro maior investimento mas o retorno é garantido.

Se o leitor chegou até aqui e não viu um setor que ele acha que deveria ser citado não se desaponte, eu mesmo gostaria de elencar aqui vários outros setores onde os tentáculos estatais invadiram nossa vida e, em conluio com as empresas, estão piorando nossa qualidade de vida. Imagine o leitor que através de subsídios estatais se formaram oligopólios no setor de carnes e proteínas animais devastando a concorrência, no setor de transportes, enfim, a sanha do fascismo empresarial aliada à burocracia estatal está nos cercando cada vez mais.
Sejamos, pois, resistentes!